Robôs: mais de 800 milhões de trabalhadores serão substituídos em 20 anos
Com busca pela produtividade e redução de custos, mais de 800 milhões de trabalhadores serão substituídos por robôs em duas décadas, segundo estudo da consultoria McKinsey
Outro exemplo é a odontologia. Os riscos para os dentistas serem substituídos por máquinas é de 0,44%. Entre os engenheiros mecânicos, a chance de perder espaço para robôs é de apenas 1,1%. Quanto aos repórteres ou correspondentes internacionais, o perigo de ficarem desempregados em decorrência da produção eletrônica de textos e boletins noticiosos é de 11%, contra 5% dos editores.
Robotização avança em praticamente todas as profissões de massa, como em fábrica chinesa, que usa robôs para atendimento ao cliente
São Paulo — Em 1988, o americano Norman Feingold (1914-2005), um dos mais renomados consultores de carreira do último século, publicou um bombástico artigo no diário nova-iorquino Press and Sun Bulletin com suas previsões sobre quais seriam as profissões do futuro, dali duas ou três décadas — períodos que coincidem com os tempos atuais.
Entre os prognósticos estavam funções curiosas, como astrônomo lunar, gerente de hotel flutuante no oceano, consultor de bem-estar, especialista em direito esportivo, chapeiro eletrônico (para produzir omeletes pela manhã e lanches à tarde com mais agilidade) e até treinador de robôs. “Nenhum profissional formado para fazer trabalhos manuais e repetitivos estará com sua aposentadoria garantida no mercado de trabalho do futuro”, afirmou.
O tempo se encarregou de mostrar que o guru errou quase tudo. O que Feingold conseguiu enxergar, no entanto, foi o avanço acelerado da robotização em praticamente todas as profissões de massa existentes. A busca pela produtividade e a redução de custos têm estimulado, cada vez mais, a troca da mão de obra humana pela robotização física ou digital, com o uso principalmente de inteligência artificial.
Entre os prognósticos estavam funções curiosas, como astrônomo lunar, gerente de hotel flutuante no oceano, consultor de bem-estar, especialista em direito esportivo, chapeiro eletrônico (para produzir omeletes pela manhã e lanches à tarde com mais agilidade) e até treinador de robôs. “Nenhum profissional formado para fazer trabalhos manuais e repetitivos estará com sua aposentadoria garantida no mercado de trabalho do futuro”, afirmou.
O tempo se encarregou de mostrar que o guru errou quase tudo. O que Feingold conseguiu enxergar, no entanto, foi o avanço acelerado da robotização em praticamente todas as profissões de massa existentes. A busca pela produtividade e a redução de custos têm estimulado, cada vez mais, a troca da mão de obra humana pela robotização física ou digital, com o uso principalmente de inteligência artificial.
Estudo internacional da consultoria McKinsey Global Institute
constatou que
está em curso uma gradual substituição dos funcionários comuns pelas máquinas baseadas na inteligência artificial, uma das razões do crescente desemprego em diversos países, inclusive no Brasil. O estudo conclui que há vantagens e desvantagens nesse processo, além de muita controvérsia.
Grande parte da polêmica está não apenas na substituição do homem pela máquina, mas na velocidade com que essa onda inunda as empresas e o mercado de trabalho. Atualmente, os robôs executam cerca de 50% dos trabalhos atribuídos aos homens. O estudo da McKinsey calcula que 800 milhões de humanos perderão o emprego para os robôs até 2030. Isso representa um quinto da classe trabalhadora do mundo inteiro. Em âmbito global, pelo menos um terço dos trabalhadores precisará se reinventar.
Além disso, pesquisadores da tradicional Universidade de Oxford, nos Estados Unidos, concluíram que 47% deles talvez não resistam à interferência das máquinas nos próximos 20 anos. “Somente um movimento mundial de defesa do emprego, com a elaboração de uma regulamentação rígida sobre o uso de tecnologia nas empresas, poderá evitar o desemprego em massa e o aprofundamento da pobreza nas economias em desenvolvimento”, afirma a indiana Antara Haldar, professora e mestre em direito na Universidade de Cambridge.
Os países emergentes não serão, no entanto, os únicos a sofrer com a utilização nociva das inovações tecnológicas. Relatório do Banco Mundial, divulgado em 2016, põe o Japão no bloco dos mercados mais afetados pela automação. Isso porque a parcela dos empregos tidos como muito substituíveis é muito elevada. A força do trabalho do país deve cair em 4 milhões de funcionários até 2030.
Na Etiópia, as perspectivas apontam para 85% de funcionários ameaçados. A saída para evitar o pior, de acordo com a McKinsey, seria uma intensa interferência governamental, como seguro-desemprego e outras medidas assistenciais, além de investimentos em recolocação profissional, treinamentos e aprendizado em novas habilidades.
Diante desse cenário desafiador para o mercado de trabalho, um movimento tem ajudado a levar a discussão para dentro das empresas e universidades. O projeto, batizado de People First (Pessoas Primeiro, em inglês), defende a valorização da mão de obra humana e afirma que as máquinas não resolvem problemas complicados que exigem soluções criativas.
Ele comprova, de forma empírica, que, por enquanto, é impossível automatizar certas atividades, como a de cabeleireiro. Ele conta que já tentaram inventar máquinas cortadoras de cabelo sozinhas, mas que o trabalho requer treinamentos e muita destreza do ser humano.
Grande parte da polêmica está não apenas na substituição do homem pela máquina, mas na velocidade com que essa onda inunda as empresas e o mercado de trabalho. Atualmente, os robôs executam cerca de 50% dos trabalhos atribuídos aos homens. O estudo da McKinsey calcula que 800 milhões de humanos perderão o emprego para os robôs até 2030. Isso representa um quinto da classe trabalhadora do mundo inteiro. Em âmbito global, pelo menos um terço dos trabalhadores precisará se reinventar.
Além disso, pesquisadores da tradicional Universidade de Oxford, nos Estados Unidos, concluíram que 47% deles talvez não resistam à interferência das máquinas nos próximos 20 anos. “Somente um movimento mundial de defesa do emprego, com a elaboração de uma regulamentação rígida sobre o uso de tecnologia nas empresas, poderá evitar o desemprego em massa e o aprofundamento da pobreza nas economias em desenvolvimento”, afirma a indiana Antara Haldar, professora e mestre em direito na Universidade de Cambridge.
Os países emergentes não serão, no entanto, os únicos a sofrer com a utilização nociva das inovações tecnológicas. Relatório do Banco Mundial, divulgado em 2016, põe o Japão no bloco dos mercados mais afetados pela automação. Isso porque a parcela dos empregos tidos como muito substituíveis é muito elevada. A força do trabalho do país deve cair em 4 milhões de funcionários até 2030.
Na Etiópia, as perspectivas apontam para 85% de funcionários ameaçados. A saída para evitar o pior, de acordo com a McKinsey, seria uma intensa interferência governamental, como seguro-desemprego e outras medidas assistenciais, além de investimentos em recolocação profissional, treinamentos e aprendizado em novas habilidades.
Diante desse cenário desafiador para o mercado de trabalho, um movimento tem ajudado a levar a discussão para dentro das empresas e universidades. O projeto, batizado de People First (Pessoas Primeiro, em inglês), defende a valorização da mão de obra humana e afirma que as máquinas não resolvem problemas complicados que exigem soluções criativas.
Humanos, sim
Segundo o economista e pesquisador Mark Williams, um dos idealizadores do movimento, os robôs não efetuam análises profundas nem têm o indispensável conhecimento para cumprir determinadas tarefas. Essa tese é alimentada por grandes especialistas em tecnologia, como Mat Hunter, do Central Reasearch Laboratory, espaço de coworking voltado aos aceleradores para startups.Ele comprova, de forma empírica, que, por enquanto, é impossível automatizar certas atividades, como a de cabeleireiro. Ele conta que já tentaram inventar máquinas cortadoras de cabelo sozinhas, mas que o trabalho requer treinamentos e muita destreza do ser humano.
O site “Will Robots Take My Job?”,
criado por Carl Benedikt Frey e Michael A. Osborne, ambos de Oxford, elaborou uma equação matemática a partir de testes destinados a detectar os efeitos da tecnologia no mercado de trabalho. Uma das constatações é a de que seria impraticável cumprir a missão jurídica dos advogados, em fases mais avançadas de argumentação do processo judicial. A hipótese de substituição nesta área é de 3,5%, segundo o estudo.
Outro exemplo é a odontologia. Os riscos para os dentistas serem substituídos por máquinas é de 0,44%. Entre os engenheiros mecânicos, a chance de perder espaço para robôs é de apenas 1,1%. Quanto aos repórteres ou correspondentes internacionais, o perigo de ficarem desempregados em decorrência da produção eletrônica de textos e boletins noticiosos é de 11%, contra 5% dos editores.
Fonte: Correio_braziliense
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