ONU e Rússia exigem libertação imediata de funcionários detidos no Kosovo


A missão das Nações Unidas no Kosovo (Unmik) lamentou hoje a detenção de dois funcionários da organização no decurso de uma operação armada da polícia albanesa kosovar nas regiões de maioria de população sérvia, no norte do território.





missão referiu em comunicado que os dois membros da Unmik ficaram feridos na operação, que suscitou uma forte reação dos sérvios locais e da Sérvia e voltou a agravar a tensão nesta região dos Balcãs.

O ministério russo dos Negócios Estrangeiros disse que um dos funcionários é de origem russa, e condenou o Kosovo por esta ação, descrita por Pristina como uma ação contra o "crime organizado".

"A detenção foi efetuada apesar de o cidadão russo possuir imunidade diplomática como funcionário da ONU. Entendemos este lamentável ato como mais um exemplo da atitude provocatório dos dirigentes albaneses kosovares", declarou em comunicado Maria Zakharova, porta-voz do MNE russo.

Segundo a nota, o russo Mikhal Krasnoschokov foi detido pelas forças de segurança kosovares esta manhã na cidade de Zubin Potok.

Zakharova acrescentou que o ministério russo exigiu à missão das Nações Unidos que seja informado sobre a "detenção ilegal" de Krasnoschokov e "exerça os maiores esforços para garantir a sua libertação imediata". A nacionalidade do segundo funcionário detido ainda não foi revelada.

Numa reação imediata, o embaixador da Unmik, Zahir Tanin, exigiu a libertação imediata dos dois homens e acrescentou que "qualquer mal infligido ao pessoal da ONU implicará o mais elevado grau de respostas legais a nível diplomático e internacional".

A Unmik foi deslocada para esta antiga província do sul da Sérvia após 1999, na sequência da intervenção da NATO para terminar com o conflito entre as forças militares sérvias e os separatistas armados albaneses, e a repressão à população loca, maioritariamente de origem albanesa. A missão foi reduzida após a declaração unilateral da independência do Kosovo em 2008, que a Sérvia não reconhece.

O comunicado do MNE russo também denuncia a operação como uma "provocação" das autoridades de Pristina, cujo objetivo consiste na "intimidação" da população não-albanesa e "o controlo desses territórios através do uso da força".

Estas ações foram ainda consideradas por Moscovo uma consequência direta da "conivência" do Governo de Pristina com a União Europeia (UE) e Estados Unidos, a quem apelou para convencer as autoridades de Pristina a terminarem com a "escalada de um conflito com consequências imprevisíveis".

No início de 2019, o Presidente da Rússia, Vladimir Putin, denunciou durante uma visita a Belgrado que a anunciada criação de um Exército pelas autoridades do Kosovo violava a resolução 1244 da ONU e provocaria a desestabilização da região dos Balcãs. Lamentou ainda que os esforços de mediação da UE sobre a criação de municípios sérvios no Kosovo não tenham obtido até ao momento qualquer progresso.

Na sequência da ação policial desta manhã, o Presidente da Sérvia, Aleksandar Vucic, avisou que o seu país vai atuar para "proteger o nosso povo" no Kosovo, confirmou que tropas sérvias estão em estado de alerta e disse que foram detidas 23 pessoas na sequência da operação da polícia albanesa kosovar, que utilizou viaturas blindadas.

Em declarações no parlamento da Sérvia, acusou ainda a polícia albanesa kosovar de uso da força contra "sérvios desarmados" e de terem disparado para o ar durante a investida.

Em Pristina, o presidente do Kosovo, Hashim Thaçi, optou por definir os avisos sérvios de "populistas" e disse que a operação desta manhã na região de Mitrovica (norte), foi legal e "não dirigida contra qualquer comunidade".

Thaçi assegurou que entre os detidos se encontram "albaneses, sérvios, bosníacos e ainda um russo que sob uma cobertura diplomática tentou impedir a operação policial". Pediu ainda o apoio de Belgrado "porque o crime organizado não é local mas regional".

A NATO, que chefia uma missão militar internacional no Kosovo (Kfor) , apelou por sua vez à calma e adiantou que está a acompanhar a ação policial no norte do país.

O coronel Vincenzo Grasso, porta-voz da Kfor, disse que a situação no norte do Kosovo está a ser monitorizada em conjunto com as autoridades locais sublinhando que as tropas da NATO não se encontram em estado de alerta.

"Temos conhecimento da operação policial em curso. Estamos a monitorizar a situação e pedimos calma no sentido de evitar uma escalada e o uso da violência", disse.

Fonte: noticiasaominuto

Curtam e compartilhem nossa fanpage no Facebook

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Radiação em partes das Ilhas Marshall é maior do que desastres nucleares de Chernobyl e Fukushima

Venezuela: oficiais russos já sentaram nos controles do S-300